13.2.08

"O poderoso chefão" e a peça "Entropia"



Se o Coppola de “Apocalipse Now” me pareceu megalomaníaco e até fora do eixo, o de “O poderoso chefão” é a perfeição que espero. A seqüência do batizado, ou da cabeça de cavalo deixada sobre os lençóis do Cineasta que recusa entregar um papel a um afilhado do Poderoso Chefão já valem o filme.

Claro que Coppola pode ser perdoado (rs) porque ainda é o grande pai de "Platoon" e "Além da Linha Vermelha".



Além disso, este filme, cuja coleção freqüenta minha estante, é a explicação inquestionável de como alguém se torna imortal com uma atuação. O que é o Marlon Brando como chefe da família Corleone - e aquela dificuldade pra falar. E a atuação impecável do jovem e desconhecido Al Pacino – aliás, os trejeitos de Al Pacino poderão ser encontrados em vários de seus outros personagens e creio serem os mesmos que lhe renderam o Oscar com “O perfume de mulher”. O olhar distante, ótimo para um cego, como quem não está prestando atenção e o fechamento com a mentira para a esposa transformam o ator é um blefador. Seria um defeito, mas...



Aliás, é “estranho” – só achei esta expressão – encontrar a esposa de Rock Balboa (Talia Coleone) apanhando de novo. E a mesma cara de coitada.

O cearense viu e também bate palmas.

***

Entropia

R$ 5 no Centro Cultural do Banco do Brasil.

Fui levado pelo título, que achei ser algo que busca o centro, quase que como um movimento centrípeto. Não foi nada disso que encontrei – inclusive, o Aurélio diz justamente o contrário. Talvez, tenha sido uma aproximação filosófica.

Bem, a proposta do grupo é muito válida: levar um texto reflexivo para o palco e fazê-lo construir, através das sete vozes dos atores, uma cidade perfeita para os outros. Claro que estas questões de "cidade perfeita" e de "os outros" já criam uma base para qualquer reflexão. E ela se dá efetivamente.

Entretanto, creio que o resultado é uma macarronada que se repete até o cansaço. A pretensão é boa, mas o resultado fica aquém.

Creio que faltou fôlego ao escritor para fugir da armadilha rocambolesca e fácil. Ainda assim, é muito bom encontrar este intenção e saber que alguns autores ainda pretendem desafiar o público e convidá-lo a pensar - e, talvez melhor, desafiar a si mesmo.

É algo mais que um quadro em branco, mas é isto também.

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