De um céu baixo e um livro de saltos, sei que muito anjo torto andou por aí falando bobagens - e pregando tolices. O caminho certo é todo torto e não tem norte - navega-se sempre ao acaso, sem bússola e, se houver amor, quem sabe, com alguns poemas menores. E os filhos, e as árvores, e os livros, e os espelhos, onde ficamos enquanto passamos pelo tubo digestivo do tempo.
O caos é fascinante, mas não tem nenhum compromisso - o caos é este anjo torto, um deus entediado que, apesar das bombas que devoram crianças, apesar das lágrimas das crianças, permite também que simulemos esquecer tudo e façamos um brinde. E Sísifo grita: a Cronos, que não consegue deixar de comer.
Tantos livros e nunca a estupidez foi tão soberba, nunca pavoneou-se tanto e em tantos espelhos - e se aplaudiu tanto. Tantas possibilidades e nunca tudo foi tanto pranto mesquinho - vão. E nós somos aqueles a quem é possível o poema, que, "por conta deste destino", eu sei, "a única coisa a fazer é tocar um tango argentino." Feito faca.
Será assim, só poderá ser assim: esse testemunho da barbárie, a barbárie dentro da barbárie, como é, sempre, aquela velha flor feia, que não conseguimos "proteger da intempérie" e que é, assim, também, a flor de si mesmo, a flor da flor. Da barbárie da barbárie. O poema possível.
Você dirá, para salvar algumas horas - até a próxima explosão (o que já sei):
_Mas são muitas flores, Máximo.
E eu, em silêncio, como quem olha o chão, direi: amém.
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