10.7.23

O aniversário do Menino Voador

 

Uma hora, um dia, como num truque do tempo, técnicos inseguros transformam-se em torcedores fanáticos – e gritam, e imploram. Mas são torcedores.

Uma hora, num segundo, os meninos que voam se tornam homens que decidem os próprios saltos e respondem por seus próprios tropeços e as vitórias de todos. Sempre foi assim e é assim que tem que ser.

Num instante, num sopro, a vida faz a vida e vai por aí chocando-se com a vida – como ensina aquele poeta severino. O choque da vida com a vida é vida ainda – a gente é que prefere esquecer. E “viver não é preciso”.

A continuidade precisa de rupturas, a identidade precisa insinuar suas fundamentais novidades e rascunhar um outro futuro. O futuro são novos olhos e esperança é a novidade de todos os tempos - e, quando você ri, ela se materializa - num homem que escreve sua própria história, sem muita certeza, como o fizeram o teu pai, a mãe do teu pai, a mãe da mãe do teu pai, e todos as tuas e os teus.

Você é somos. Você somos um milagre - iguais a tantos milagres, mas especial porque o meu milagre do menino voador, feito numa simbiose de seres e tempo, de esforço, suor, prazer e acaso. E a notícia vaidosa: tudo fez sentido.

Porque você chegou, Deus existe. Porque você chegou, há tanto sentido.

Obrigado. Obrigado. Obrigado.

Te amo!

1 comment:

  1. Anonymous8:56 AM

    Belo texto...a dialetica entre ruptura e permanência nos ajuda a decifrar o real!

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