28.2.24

História 105



O policial entra numa casa pobre, cuja porta permanece aberta porque o calor e a ventilação não permitem o luxo de mantê-la fechada. A porta dá para a sala, onde uma mulher, uma menina e um bebê assistem televisão. O policial pergunta se tem mais alguém em casa e a mulher responde que o filho e o amigo estão no quarto. O policial pergunta: "onde?". "No fim do corredor."

Os policiais caminham até lá. Abrem a porta. Dão dois passos e silêncio. Disparos. O filho de 24 anos ainda grita "mãe". Xeque-mate. 

Na sala onde estava, a mãe permanece imóvel, impotente. O policial volta e ela pergunta o que houve. O policial diz que eles foram recebidos à bala e responderam à violência. 

A fera do Estado rasga a carne dos mais pobres, cospe e ri sobre os mortos. Outro nome do demônio é Tarcísio de Freitas.

A mãe pergunta: "mas como se meu filho é cego?". Xeque-mate. 

O destroço vai para a rua. O destroço fica em casa. A guerra continua.

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