À noite, sonhei que cantava um Belchior sofrido num karaokê perdido em um boteco vulgar da Lapa. (Quanta decadência nua numa frase! Algo promissor berra.) E é que o avesso em mim sente saudades do chão.
Indo para o trabalho, abri mão do caos de "A máquina do caos" e peguei-me pela mão de "Macabea" da Conceição Evaristo, irmã escolhida de Clarice, irmã escolhida de Carolina Maria de Jesus, irmã de Macabea, irmã de minha mãe. E já nada era... não era possível de ser nada, reto, e já toda história era cheia de curvas, toda poesia de uma tristeza cantada de rios secos que seguem caminhão às cidades de chegar com saudade cheia de ir embora.
(Quanto risco viver inventa para essas criaturas que, diminutas, existem demais! Havia algo assim na minha rua, havia algo assim na minha casa, havia asa assim em mim. Perdi-a. Pedia. E, às vezes, sonhando no ônibus para o trabalho, me encontrava.)
Continua, ou não.
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A foto original está em https://www.terra.com.br/noticias/brasil/sao-paulo-tem-reabertura-timida-de-bares-e-restaurantes-doria-rejeita-funcionamento-a-noite,677f4795f41b8b56fce826ab80991a76hwi9fs1f.html
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